ESTUDANTE É A
PESSOA NA ESCOLA QUE PRECISA PENSAR MAIS E DECORAR MENOS
Aprender
baseado apenas na memória é limitado, estática, inconsequente, não evoluindo
espontaneamente para novos conhecimentos. Nesse modelo, o aluno se limita a
receber. Ao lançar mão, predominantemente da inteligência, do raciocínio
lógico-dedutivo, da atenção e da reflexão, sua aprendizagem torna-se
conseqüente, construtiva, reflexiva, dinâmica, ilimitada. Em vez de recebê-lo
pronto, o aluno conquista o conhecimento.
A estratégia
de certo vale para todas as disciplinas, mas limito-me aqui a apresentar alguns
exemplos da área de Língua Portuguesa.
FUNDAMENTOS
DA GRAFIA
A grafia da
Língua Portuguesa é baseada em dois fundamentos:
1 – Reproduz
o que se pronuncia. Exemplos: grafa-se a forma verbal veem (do verbo ver) com
ee porque as duas vogais são pronunciadas, o mesmo não ocorrendo com vêm (do
verbo vir); o til é necessário para reproduzir o som nasal da vogal; os acentos
são usados quando é necessário informar o leitor sobre a posição da sílaba
tônica na palavra.
2 – Respeita
a origem da palavra. Exemplo: nascer é grafado com SC, e na com SS, c ou SC,
porque é preciso respeitar a raiz latina da palavra: NASC. Levar o aluno a
estar atento a esses fundamentos, além de encurtar o caminho da aprendizagem
definitiva das normas de grafia, o levará a desenvolver a capacidade de
atenção.
FUNÇÕES DAS
CLASSES GRAMATICAIS
É comum
decorar listas e mais listas de palavras: as dez classes gramaticais, os
substantivos concretos e abstratos, as preposições, as diferentes conjunções
coordenativas e subordinativas, os pronomes, etc. Não será mais produtivo fazer
o aluno entender a função que cada uma das classes gramaticais exerce dentro da
frase? Por exemplo, seria mais prazeroso e construtivo entender que a função do
substantivo é designar os seres e as coisas, e que o verbo tem a missão de
informar o que acontece com os seres e as coisas, que a preposição e a
conjunção têm a função de conectar os termos de uma oração e as diversas
orações que compõem o período, que o pronome (pro + nome) está a serviço do
nome (substantivo).
TERMINOLOGIA
GRAMATICAL
Quando os
gramáticos definiram a terminologia gramatical, parece lógico que o fizessem
procurando palavras que expressassem o significado e a função exercidos na
frase. Exemplos: o artigo definido expressa algo definido (o trabalho), e o
indefinido refere-se a algo indefinido (um trabalho); a voz ativa é assim
chamada porque expressa uma ação do sujeito, enquanto na passiva o sujeito é
passivo da ação e na reflexiva a ação do sujeito reflete-se sobre ele próprio.
Nada de prático, objetivo e duradouro resultará da penosa memorização dessa
terminologia; entender e observar atentamente seu significado, sim, levará aos
objetivos desse estudo e, mais importante, levará a muitas outras descobertas.
A QUESTÃO DA
SINTAXE
De todo o
estudo da gramática, a questão mais crucial e deficiente no ensino da Língua
Portuguesa é a da sintaxe. Sua abordagem se dá de forma intensa, mas, em regra,
o estudante quase nada aproveita de prático desse enorme esforço de
aprendizagem. Dizer, por exemplo, que é fácil identificar o vocativo porque ele
vem sempre isolado por vírgula ou vírgulas é uma falácia, pois se inverte a
relação causa-consequência: a
vírgula não é causa do vocativo, mas consequência: a vírgula não é causa do
vocativo, mas consequência; é preciso identificar o vocativo, para então usar a
vírgula. O mesmo vale para o aposto, os elementos explicativos em oposição aos
restritivos, a concordância, a crase, etc. Em síntese, para a aprendizagem da
sintaxe só há um caminho: o da inteligência.
Os casos
apresentados são apenas alguns exemplos. O professor deve buscar aplicar o
mesmo a outros campos do ensino da língua, inclusive outros métodos para outras
disciplinas que façam com que o aluno aprenda de uma vez por todas.