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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pedagogia - A referência para amar

Quando eu não tiver mais a capacidade de passar conhecimentos sobre a ética, a preparação do próximo para o mundo do trabalho e do conhecimento, quando eu não puder mais estimular meus semelhantes e alunos para o conhecimento dos problemas do mundo presente e do amor, deixarei de seguir a profissão de professor, porque não poderei mais amar nem manifestar-me enquanto professor. O que desejo mesmo é aprimorar o educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual, o pensamento crítico e ensinar a seguir os bons exemplos da vida. Por esses e outro motivos sempre que os cito em forma de escrita, acrescento o que diz Vicente Martins:
O educando, no processo de formação escolar, tem necessidade de amar e compreender. Da mesma forma, o professor, no exercício de seu magistério, tem necessidade de ser amado e ser compreendido.
Assim, a necessidade de amar do aluno e o desejo de ser amado do professor nunca andam separados, são a base de uma relação fraterna e recíproca entre professor e aluno.
Uma criança quanto mais sente que é amada, mais disciplinada estará para receber a ministração das aulas. Onde não há reciprocidade, isto é, o amor do aluno para com o professor e do professor para com seu aluno, não assimilação ativa, não há a razão de ser da educação escolar: o desenvolvimento do educando como pessoa humana.
A nova  Lei de Diretrizes e Bases da da Educação Nacional (LDB),  a Lei 9.394, promulgada em 1996, trouxe as bases do que venho denominando, nos meios acadêmicos, de  Agapedia, a Pedagogia do Amor.
É a LDB que nos oferece os dois mais importantes princípios da Pedagogia do Amor: o respeito à liberdade e o apreço à tolerância,  que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania ativa e sua qualificação para as novas ocupações no mundo do trabalho.
Na educação infantil, a Pedagogia do Amor torna possível o cumprimento do desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, na medida em que o processo didático complementa a ação da família e da comunidade.
No ensino fundamental, a Pedagogia do Amor se dá em dois momentos: no primeiro, no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem do educando, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores e, no segundo momento, no fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
No ensino médio, a Pedagogia do Amor se manifesta na medida que nós, professores e futuros professores, aprimoramos o educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

Na educação superior, há lugar também para a Pedagogia do Amor. Ela se manifesta no momento em que os professores estimulam o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular, os nacionais e regionais. É a Agapedia que leva os alunos à prestação de serviços especializados à comunidade e estabelece com esta uma relação de reciprocidade.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O papel do professor, da escola e da família



Ao longo de sua história, o significado (o quê é) e o sentido (para quê é) da educação tem passado por grandes transformações. Nas sociedades tribais, a educação traduzia-se como transmissão diária, de pai para filho, de práticas de sobrevivência. Embora nos dias de hoje entenda-se que educar vai além das formas de transmissão e assimilação de conhecimentos práticos, ainda não há consenso, entre os diferentes autores, acerca de sua finalidade e objetivos.

• Para alguns, educar é conduzir por caminhos que permitam a construção de conhecimentos, numa forma de apropriação dos bens científicos e artísticos que a humanidade construiu valorizando-se, quase que exclusivamente, o cultivo da mente, em detrimento do das emoções, sentimentos e das relações interpessoais. Sob esse ângulo, o sentido da educação é preparar para a vida, particularmente para o ingresso no mundo do trabalho, objetivando que o Sujeito se torne apto para fomentar a produtividade e o crescimento econômico.
Aprofundando esta análise, podemos identificar, pelo menos, três aspectos:
– a educação volta-se, essencialmente, para as exigências do Mercado de Trabalho muito afetado pela mundialização e globalização da economia;
– o sentido da educação está na adaptação dos Sujeitos a tais exigências, ainda que sejam fonte de desigualdades sociais e
– a tradicional função “extrínseca” da educação continua preponderando (educar alguém para fazer alguma coisa que dê lucros).

• Para outros, educar é tirar para fora do Sujeito suas leituras de mundo priorizando a individualidade e subjetividade, o que denomino de função intrínseca da educação (educar alguém para que usufrua seu desenvolvimento em nome da felicidade). Sob essa ótica, o objetivo é desenvolver a capacidade crítica e reflexiva de cada um para que possa melhorar sua compreensão sobre a vida e sobre os sistemas políticos e ideológicos que o rodeiam, de modo que suas intervenções sobre o entorno sejam conscientes das responsabilidades para consigo mesmo, para com o Outro e para com o Planeta.
Assim, se a educação for concebida como um processo contínuo e permanente de desenvolvimento integral do indivíduo (desenvolvimento cognitivo, intelectual, físico, espiritual, afetivo e social), o Homem poderá contribuir para a criação de uma sociedade mais igualitária e mais justa, isto é, para um mundo melhor.
Em outras palavras e de modo geral, o sentido da educação pode oscilar entre a priorização da evolução do indivíduo, por seu direito público e subjetivo de usufruto dos bens que a humanidade acumulou ou a evolução da realidade social, decorrente dos investimentos que forem feitos na educação dos indivíduos, objetivando-se a formação de Sujeitos, economicamente produtivos como princípio e não como decorrência.
Sempre que o investimento nos Sujeitos tiver como meta a produção e não a Pessoa em si mesma, parafraseando Dermeval Saviani (2008), estaremos sob a concepção pedagógica produtivista, assim batizada pela importância concedida ao papel da educação para o desenvolvimento econômico: “O caráter produtivista dessa concepção pedagógica tem uma dupla face: a externa, que destaca a importância da educação no processo de produção econômica e a interna, que visa a dotar a escola do máximo de produtividade maximizando os investimentos nela realizados pela adoção do princípio da busca constante do máximo de resultados com o mínimo de dispêndio” (Saviani Dermeval. História das Ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008).
Observe-se que, na concepção produtivista, o Sujeito, suas características, necessidades e sonhos não são considerados. Essas dimensões passam a ser irrelevantes, pois o que prepondera é o interesse do sistema econômico. E a escola aparece sob uma visão reducionista de seu papel que fica limitado à busca de resultados, os que interessam ao sistema econômico, predominantemente.
Isoladamente consideradas, cada uma dessas crenças sobre o sentido da educação é coerente com as concepções de Homem e de Mundo em que se baseiam. Pode-se considerar que o verdadeiro sentido da educação está intimamente relacionado com a cosmovisão. Esta se traduz em concepções que não são consensuais, nem mesmo para uma determinada sociedade, pois o simulacro e o virtual têm ocupado espaços cada vez mais valorizados em nossas vidas, assim como dinheiro e poder.
Sujeito e objeto integram, sempre, as matrizes de pensamento sobre a educação, algumas vezes numa concepção dualista, em detrimento da unidade dialética entre ambos e da qual decorre uma visão holística da realidade.
Vivemos em tempo de vertiginosas mudanças, regido pelos valores hedonistas, pelo consumismo exagerado e desnecessário, estimulado pela propaganda que tomou conta de nosso dia-a-dia, numa verdadeira poluição de informações percebidas e recebidas quase que simultânea e imediatamente e sem que as busquemos (embora com inaceitáveis níveis de desigualdade no acesso e apropriação das informações).
Com propriedade Fátima Maria Bezerra Barbosa da Universidade do Minho- Portugal, afirma que:
“O conhecimento acumulado originou um indivíduo mais reflexivo e exigente, mas também mais propenso a sofrer decepções. É urgente repensar o projeto educativo de cada um, respondendo aos seus anseios e aspirações, integrando elementos cognitivos, racionais, mas também elementos das áreas da afetividade, da emotividade, dos sonhos e dos desejos.” (Da educação da decepção à educação do optimismo. Recuperar o verdadeiro sentido da educação. Disponível em http://webs.uvigo.es/reined/ojs/index.php/reined/article/viewFile/213/115 acessado aos 11 de jan 2012.)
Pais e educadores compartilham essas idéias, o que torna mais paradoxal a constatação de que nossos sistemas educativos não contribuem, como necessário, para rever nossas formas de pensar a educação em sua finalidade, objetivos, nos métodos utilizados, nos tempos e espaços onde ocorre e, principalmente, nas atitudes de todos os que participam do processo educativo, sejam os educadores ou não.
Mudanças são necessárias e urgentes de modo a que cheguemos a consensos quanto ao sentido da educação regidos por uma visão holística que priorize o Homem e a qualidade de sua vida.
A inquietação perante a realidade deve ser estimulada em busca de sua desocultação, para todos, com ênfase para o Sujeito, construtor de si mesmo e do mundo, a partir de um processo de auto-organização “onde a autonomia, individualidade, complexidade, incerteza e ambiguidade se tornam quase caracteres próprios do objeto. Onde, sobretudo, o termo “auto” traz nele a raiz da subjetividade” (MORIN, Edgar in: Da educação da decepção à educação do optimismo [op.cit.], 2001).
É, sem dúvidas, mais significativo saber perguntar em vez de apresentarmos respostas prontas e mecânicas nas quais a reflexão não foi acionada.
Os grupos minoritários e que têm sido vítimas da exclusão precisam, igualmente, de oportunidades de desenvolvimento integral, para que o sentido da educação seja includente de todos e todas de modo a promover a evolução da realidade individual e social.
O papel do professor, da escola e da família deve acompanhar as mudanças a que nos referimos de modo que:
- o professor assuma atitudes de educador substituindo seu fazer como profissional do ensino para o de profissional da aprendizagem e que valoriza o aprendiz na integralidade do seu Ser;
- a escola assuma sua condição de espaço privilegiado de relações com o saber e de relações de saber, como nos ensina Bernard Charlot. Espaço de trocas, de imagens mítico-poéticas, de intersubjetividade graças às práticas comunicativas, quaisquer que sejam espaço prazeroso de construção de conhecimentos e de desenvolvimento global;
- a família como parceira e cúmplice dos educadores e da instituição escola, como agente educativo que alicerça suas relações na afetividade e na crença no potencial de seus filhos, independentemente das limitações que possam apresentar.
Utopias? Talvez.
Mas são as utopias que nos fazem caminhar e ir mais longe!

Rosita Edler Carvalho