CHEGA DE NOTA, PRESSÃO,
AMEAÇA AOS ALUNOS E OUTRAS TANTAS IGNORÂNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO.
Atualmente a avaliação da aprendizagem está sendo voltada para a preparação de exames. Isso acontece porque os sistemas de ensino estão interessados nos percentuais de aprovação e reprovação dos alunos. Com isso, os procedimentos de avaliação se tornam elementos motivadores em busca de resultados.
A forma como a avaliação da aprendizagem está sendo empregada faz com que os alunos tenham uma atenção centrada no processo de promoção ao final do ano letivo e não na aquisição de conhecimentos. Já os professores utilizam as provas como forma de pressionar os alunos a alcançar os resultados esperados pela escola.
De acordo com Luckesi (1998), a avaliação da aprendizagem está sendo praticada independente do processo ensino-aprendizagem, pois mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação vem se tornando um instrumento de ameaça.
Na
avaliação formativa nenhum instrumento pode ser descrito como prioritário ou
adotado como modelo. A diversidade é que vai possibilitar ao professor obter
mais e melhores informações sobre o trabalho em classe.
"A avaliação precisa ser processual, contínua e sistematizada", diz
Janssen Felipe da Silva. Nada pode ser aleatório, nem mesmo a observação
constante. Ela só será formativa para o aluno se ele for comunicado dos
resultados.
Janssen
explica ainda que os instrumentos utilizados devem ter coerência com a prática
diária. "Não é possível ser construtivista na hora de ensinar e
tradicional na hora de avaliar", explica.
Outro ponto a ser lembrado por
todo professor: cada conteúdo ou matéria exige uma forma diferente de ensinar e
também de avaliar. Não posso fazer uma prova e perguntar: você é
solidário? É preciso criar uma situação em que seja
possível verificar e perguntar isso.
Os
instrumentos devem contemplar também as diferentes características dos
estudantes. Quem avalia sempre por meio de seminários prejudica aquele
que tem dificuldades para se expressar oralmente. A
viabilidade é outro ponto essencial. Ao planejar um questionário, deve-se
evitar textos ambíguos e observar o tempo que será necessário para respondê-lo
adequadamente.
Qualquer
que seja o instrumento que adote, o professor deve ter claro se ele é relevante
para compreender o processo de aprendizagem da turma e mostrar caminhos para
uma intervenção visando sua melhoria.
PARA LUCKESI (2002)
A avaliação da aprendizagem
escolar tem que ser compreendida como um ato amoroso. O ato amoroso é aquele
que acolhe a situação, na sua verdade. Quando não nos acolhemos e/ou não somos
acolhidos, gastamos nossa energia nos defendendo e, ao longo da existência, nos
acostumamos às nossas defesas, transformando-as em nosso modo permanente de
viver.
DIFERENTES
MANEIRAS DE AVALIAR
Várias
estratégias de ensino, várias formas de avaliar. Por exemplo, pode-se basear nas aulas de
História. Aplicando uma série de tarefas avaliativas, consegue-se analisar formas de expressão do aluno, como ler e interpretar,
redigir, desenhar, buscar informações. Os instrumentos são aplicados de acordo
com o tema trabalhado e todas as impressões viram relatório.
O objetivo
é sempre o mesmo: o professor deve descobrir como levar a turma a avançar mais e saber se todos aprenderam o que tinha como objetivo, basta isso.
ALGUNS
EXEMPLOS:
Dizemos
que um dos temas trabalhados seja navegações. Numa das avaliações, pede-se uma
produção visual, um desenho ou uma
história em quadrinhos em que os alunos tenham de descrever o encontro entre
nativos e portugueses na chegada destes ao Brasil, em 1500. A maneira
como os dois povos se relacionaram, o cenário, as roupas, os hábitos e a língua
deveriam estar presentes na cena. Eu não preciso de quantidade para isso; eu como profissional, já percebo quem aprendeu ou não, o resto é processual.
2. Em seguida trabalhando os reflexos no
Brasil de hoje da chegada dos colonizadores. É constante em seu planejamento a
ponte entre fatos históricos e a atualidade. Depois de ler reportagens de
jornais, a turma escreve textos
sobre os reflexos da colonização portuguesa na vida dos nativos hoje e sobre a
relação entre as capitanias hereditárias e o Movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra. Em exercícios como esse, ele pode analisar se os estudantes
conseguem estabelecer relações, se os argumentos têm coerência, se os dados
citados são precisos e se saem do senso comum.
3. Uma das estratégias de ensino de pode ser
os seminários, leituras de textos
acompanhadas por ele. Um desses textos pode ser a carta de Pero Vaz de Caminha. Surgem perguntas e ideias ótimas durante a discussão, isso é fato.
A estratégia é perfeita para que ele analise as dúvidas e o raciocínio que o
aluno está fazendo. Para finalizar, pede-se uma nova produção de texto, desta
vez uma carta aos portugueses. O objetivo, contar as impressões de quem pusesse
os pés pela primeira vez no Brasil hoje.
Conceitos
não assimilados ou objetivos não atingidos são sempre revistos. E isso pode
ocorrer em atividades interdisciplinares. Com a professora de Arte, por
exemplo, pode-se retomar os aspectos culturais do encontro entre portugueses e
índios. Os alunos capturam imagens na internet e reconstroem a cena.
4. As dificuldades mais sérias são
trabalhadas em atividades complementares, realizadas num horário extra. Pode
ser uma pesquisa dirigida na
biblioteca, seguida de uma nova produção de texto, Nessa pesquisa, o professor
analisa se o estudante consegue construir um conceito com as próprias palavras,
em vez de apenas copiar, ou expressar um ponto de vista próprio. Apesar de não
existir uma só verdade histórica, é possível avaliar se as ideias são mais ou
menos coerentes com as fontes consultadas.
A
cada etapa do processo avaliativo o professor elege alguns aspectos e objetivos
a analisar. Sistematizando essas etapas, ao final do tema navegações é possível ter uma visão geral de cada um ao longo de todo o processo.
Hélder Novais.